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quarta-feira, 31 de março de 2010

O artilheiro mijão

Era um jogo decisivo no campeonato de futebol sete amador, em Porto Alegre. O glorioso time do 100Limites estava pronto para jogar mais uma partida. O time entra em campo, aquece, concentrado no jogo, pronto para a guerra.

O juiz chama ao centro do campo e o capitão do 100Limites dá conta da falta do centroavante.

- Cadê o Flight? - Sim, Flight era o apelido do artilheiro. Baixinho, 1,60m cabeçeador de maçaneta de porta, quase desprovido de habilidade, mas com o faro de gol que poucos já haviam presenciado.

- Tá no banheiro! - gritou o técnico do time, totalmente apavorado.

O juiz não quis nem saber, mandou o jogo começar com um a menos. O treinador, correndo, foi vestir o jaleco e pedir para entrar no jogo, mas tropeçou na primeira bola.

Foi o necessário para o time todo do 100Limites romper em gritos pelo seu artilheiro:

- Fliiiiiiight! Fliiiiiiiiiight! - gritavam.

Foi quando saiu da porta do vestiário o pequeno grande centroavante, ainda erguendo os calções, correndo mais que trombadinha em arrastão, para dar a volta no cercado e ingressar no campo de jogo. Logo que aparece na quadra, o juiz autoriza a sua entrada em campo e ele corre em direção ao seu habitat, a grande área.

Então, fez-se o milagre. Os gritos de desespero do time se transformaram em um belo lançamento, da defesa para o ataque, nos pés do centroavante. Com uma habilidade ímpar, o artilheiro dominou a bola e chutou em gol, no cantinho, marcando o primeiro gol do jogo.

Feito o gol, correu para abraçar o time, ainda se esforçando para amarrar o cadarço do calção. Orgulhoso, ele confessou:

- Eu tava mijando!! Mal entrei e já fiz o gol!!

O restante do time não teve nem como comentar, pois já estavam todos rindo, deitados no chão. Podiam até perder aquele jogo, o campeonato, mas tinham certeza que estavam diante de uma lenda. E que nunca, ninguém superaria a capacidade superior do artilheiro mijão.

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